terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A VERDADE SOBRE O TROTSKISMO

Os trotskistas vivem combatendo o stalinismo, mas na verdade não passam de um bando de hipócritas, pois Leon Trotsky também defendia políticas autoritarias e burocraticas que degenerariam o socialismo, caso tivessem triunfado. Alias, acabaram triunfando, pois grande parte das políticas que o ditador soviético Josef Stalin aplicou, eram políticas defendidas por Trotsky.

Logo após a vitória da Revolução de Outubro, em 1917, na sessão de abertura do Congresso Pan-russo dos sovietes, Trotsky faz um pronunciamento em resposta a uma proposta de acordo entre todos os partidos socialistas, demonstrando não somente a sua oposição a essa proposta, mas também o seu caráter autoritário ao desprezar os socialistas que não eram bolchevistas: "Vocês são destroços miseráveis, seu papel terminou, vão para onde deveriam estar: na cesta de lixo da história".

Com a eclosão da guerra civil em 1918, a Rússia Soviética se transformou em um verdadeiro inferno, com milhões de mortos em virtude do chamado "terror branco" dos contra-revolucionários, e também do chamado "terror vermelho" dos revolucionários bolchevistas. Em meio a esse quadro desesperador, Trotsky acreditava ser essencial que a classe operária dispersa se reagrupasse. Então em dezembro de 1919, Trotsky defendeu a tese que estabelecia a militarização do trabalho e a estatização dos sindicatos. Para a Rússia se reerguer, Trotsky defendeu que: "os métodos de guerra fossem aplicados sistematicamente, mediante um combate decidido ao desemprego decorrente da desmobilização e visando a rápida recuperação econômica da Rússia Soviética pela abolição total da independência, mesmo nominal, dos sindicatos e pela generalização do trabalho forçado através da formação de "exércitos do trabalho" que mobilizariam forçosamente trabalhadores ociosos."(Leon Trotsky)

Felizmente Lênin se posicionou contra parte dessa política extremamente autoritária de Trotsky, entretanto ao apoiar a militarização do trabalho, começava a plantar as sementes que ao germinar, deram origem ao stalinismo.

Depois do término da guerra civil em 1921, a Rússia Soviética encontrava-se completamente arrasada, com mais de 10 milhões de mortos, e com a fome e epidemias afetando grande parte da população. Como resposta a isso, Trotsky defendeu uma maior militarização do trabalho, visando a rapida industrialização do país. Também voltou a defender a estatização dos sindicatos.

Felizmente Lênin se posicionou contra essa política extremamente autoritária de Trotsky, defendendo em seu lugar, a abertura da economia soviética como saida para a Rússia se reerguer. A tese de Lênin foi vitoriosa e assim foi adotada a Nova Política Economica(cuja sigla em inglês era NEP), que tirou a Rússia do buraco que se encontrava e possibilitou a construção da URSS em dezembro de 1922.

Entretanto, a retomada da militarização do trabalho e a estatização dos sindicatos acabariam sendo adotadas por Stalin em 1928, quando aboliu a Nova Política Economica e promoveu a coletivização forçada no campo e a industrialização acelerada, sendo que antes eliminou o próprio Trotsky do partido comunista.

Em sua carta ao XIII Congresso do Partido Comunista da URSS, que ficou conhecida como seu "testamento político", Lênin criticou não somente Stalin, mas também a Trotsky, entretanto os trotskistas parecem desconhecer isso e usam o conteudo dessa carta para demonstrar como Lênin se opunha a Stalin, quando na verdade essa carta e todas as posições de Lênin demonstram que ele se opunha não somente a Stalin, mas também a Trotsky.

"Me refiro à estabilidade como garantia contra a ruptura em um futuro próximo, e tenho a proposta de colocar aqui várias considerações de índole puramente pessoal. Creio que o fundamental no problema da estabilidade, desde este ponto de vista, são tais membros do CC como Stálin e Trotsky. As relações entre eles, a meu modo de ver, encerram mais da metade do perigo desta divisão que se poderia evitar, e a cujo objetivo deveria servir entre outras coisas, segundo meu critério, a ampliação do CC a 50 ou até 100 membros.

O camarada Stálin, tendo chegado ao Secretariado Geral, tem concentrado em suas mãos um poder enorme, e não estou seguro que sempre irá utilizá-lo com suficiente prudência. Por outro lado, o camarada Trotsky, segundo demonstra sua luta contra o CC em razão do problema do Comissariado do Povo de Vias de Comunicação, não se distingue apenas por sua grande capacidade. Pessoalmente, embora seja o homem mais capaz do atual CC, está demasiado ensoberbecido e atraído pelo aspecto puramente administrativo dos assuntos(1). Estas características de dois destacados dirigentes do atual CC podem levar sem querer-lo à ruptura, e se nosso Partido não toma medidas para impedir-lo, a divisão pode vir sem que se espere.

Não seguirei caracterizando aos demais membros do CC por suas características pessoais. Recordarei apenas que o episódio de Zinoviev e Kamenev em Outubro(2) não é, naturalmente, uma casualidade, e que se disto não se pode culpar pessoalmente, tão pouco a Trotsky pelo seu não bolchevismo.(3) (...)

Stálin é brusco demais, e este defeito, plenamente tolerável em nosso meio e entre nós, os comunistas, se coloca intolerável no cargo de Secretário Geral. Por isso proponho aos camaradas que pensem a forma de passar Stálin a outro posto e nomear a este cargo outro homem que se diferencie do camarada Stálin em todos os demais aspectos apenas por uma vantagem a saber: que seja mais tolerante, mais leal, mais correto e mais atento com os camaradas, menos caprichoso, etc. Esta circunstância pode parecer fútil tolice. Porém eu creio que, desde o ponto de vista de prevenir a divisão e desde o ponto de vista do que escrevi anteriormente sobre as relações entre Stálin e Trotsky, não é uma tolice, ou se trata de uma tolice que pode adquirir importância decisiva."

(Carta de Lênin ao XIII Congresso do Partido Comunista da URSS)


(1) Lenin, no seu Testamento Político, fala de Trotsky como "o homem mais capaz do presente Comitê Central", mas deplora suas tendências autoritárias (nas palavras de Lenin, "sua tendência a abordar as questões apenas pelo lado administrativo").


(2) Zinoviev e Kamenev colocaram-se contra a tentativa de insurreição que resultaria na Revolução de Outubro de 1917 nas instâncias do Partido Bolchevique.


(3) Até 1917 Trotsky não ingressara nas fileiras do Partido Bolchevique, e conservava profundas divergências com os mesmos.


Os trotskistas vivem brigando entre si, trocando acusações de "revisionismo", "oportunismo", "centrismo pequeno-burguês", e barelas afins. Inclusive chegam ao extremo de promover troca de agressões físicas, como ocorre entre militantes do PSTU e do PCO. Se não bastasse isso, também vivem brigando contra o resto da esquerda, inclusive acusando caluniosamente o P-SOL, de ser um partido "pequeno-burguês" e "reformista", promovendo um sectarismo irresponsável que acaba beneficiando a burguesia, uma vez que apenas a classe dominante interessa a divisão das classes trabalhadoras e da esquerda. Isso também é um sinal evidente do caráter autoritario do trotskismo.

Não tem como negar, trotskismo e stalinismo são os dois lados da mesma moeda. A unica diferença é que enquanto Trotsky defendia que a revolução fosse exportada para fora da URSS, Stalin defendia que o socialismo deveria ser construido primeiramente na URSS, depois sim ocorreriam outras revoluções(a tese da "revolução permanente" X a tese do "socialismo em um unico país"). Fora isso, são completamente identicos.

"A discussão em torno do papel do Estado, sua relação com os sindicatos, a autonomia da classe operária nada disso fora palavrório oco. Lênin, com a NEP, propunha agora um outro caminho, com maior liberdade para a cidade e o campo, recuperando o papel do mercado, compreendendo que o capitalismo ainda tinha fôlego para se desenvolver numa sociedade que ele acreditava estar caminhando para o socialismo. Trotsky tinha outra visão, que mais tarde, ironicamente, será integralmente adotada por seu mais visceral inimigo, Stalin. Está certo Deutscher quando afirma não haver praticamente nenhum aspecto do programa sugerido por Trotsky em 1920-21 que Stalin não tenha usado durante a industrialização acelerada da década de 1930. Adotou o recrutamento forçado, subordinou os sindicatos, estimulou a disputa de produção entre os trabalhadores, na linha do taylorismo soviético defendido por Trotsky."

(Emiliano José; em "Trotsky: do pomar para a Revolução")



Combater o trotskismo é tão necessário quanto combater o stalinismo!

Leia o texto abaixo e reflita

LÊNIN, OS SINDICATOS E O SOCIALISMO

*Augusto César Buonicore


Uma das mais agudas polêmicas no interior do Partido Bolchevique após a revolução russa se deu em torno do entendimento sobre o papel dos sindicatos e do partido no processo de construção do socialismo. Lênin considerava que os sindicatos deveriam ser "organizações amplas" que congregassem o conjunto dos trabalhadores. Os sindicatos não deveriam ser incorporados ao Estado ou ao Partido Comunista e precisavam ter autonomia se quisessem cumprir suas funções.

No seu artigo "Sobre as tarefas dos sindicatos", escrito entre 1918 e 1919, afirmou que a tarefa principal dos sindicatos era "superar com um trabalho de instrução e organização tenaz, paciente e mais amplo, os preconceitos de determinado setores pequeno-burgueses do proletariado e do semiproletariado, em ampliar continuamente a base do poder soviético, que ainda não é suficientemente ampla". Recusou a idéia, forte entre alguns bolcheviques, de que seria preciso "fundir os sindicatos com os órgãos do poder estatal".

Trotsky foi o principal defensor da fusão dos sindicatos ao Estado e, inclusive, a sua militarização. Ele aplicou seus métodos "revolucionários" quando foi responsabilizado pela reorganização dos serviços de transporte. Assumindo o controle absoluto do Comitê Central de Transporte, decretou imediatamente "estado de emergência" nas ferrovias, destituiu os dirigentes eleitos dos sindicatos e colocou todos os operários sob lei marcial.

Em 16 de dezembro de 1919, Trotsky apresentou no Comitê Central do Partido Bolchevique a sua tese "Sobre a transição entre a guerra e a paz", na qual reafirmou a necessidade de militarização dos sindicatos russos. Ele defendeu novamente as suas posições no IX congresso do PCRb. Na ocasião afirmou ele: "As massas trabalhadoras não podem vaguear através da Rússia. Devem ser enviadas para aqui e para ali, nomeadas, comandadas exatamente como soldados (...) O trabalho obrigatório deve atingir a sua maior intensidade durante a transição do capitalismo para o socialismo (...) É preciso formar patrulhas punitivas e pôr em campos de concentração os que desertam do trabalho". E concluiu: "O Estado Operário possui normalmente o direito de forçar qualquer cidadão a fazer qualquer trabalho em qualquer local que o Estado escolha."

Contra as posições autoritárias de Trotsky, Lênin escreveu os artigos "Sobre os Sindicatos, o momento atual e os erros de Trotsky" e "Mais uma vez sobre os sindicatos, o momento atual e os erros dos camaradas Trotsky e Bukharin". Afirmou ele: "os sindicatos são uma organização da classe dirigente, dominante e governante. Mas não são uma organização estatal, não são uma organização coercitiva, são uma organização educadora, uma organização que atrai e instrui, são uma escola, escola de governo, escola de administração, escola de comunismo". Portanto, não poderiam ser transformados em quartel ou prisão.

Lênin negou a tese trotskista de que a defesa dos interesses materiais e espirituais da classe operária não deveria ser de incumbência dos sindicatos em um Estado operário. Para ele isto era um grave erro. Afirmou Lênin: "O camarada Trotsky fala de 'Estado operário'. Permitam-me dizer que isto é pura abstração (...) comete-se um erro evidente quando se diz: Para que e ante quem defender a classe operária, se não há burguesia e o Estado é operário? Não se trata de um Estado completamente operário, aí está o xis do problema (...) Em nosso país, o Estado não é, na realidade, operário, e sim operário e camponês (...) Porém há mais alguma coisa (...) nosso Estado é operário com uma deformação burocrática (...) Pois bem, será que diante desse tipo de Estado (...) nada têm os sindicatos a defender? Pode-se dispensá-lo na defesa dos interesses materiais e espirituais do proletariado organizado em sua totalidade? Essa seria uma opinião completamente errada do ponto de vista teórico (...) Nosso Estado de hoje é tal que o proletariado organizado em sua totalidade deve defender-se, e nós devemos utilizar estas organizações operárias para defender os operários em face de seu Estado e para que os operários defendam nosso Estado".

Lênin criticou também a pretensão de Trotsky em transformar o modelo de organização das ferrovias durante a guerra civil em um modelo de organização dos sindicatos durante todo o período de construção do socialismo. Escreveu ele: "Na resolução do I Congresso do PC de Toda Rússia, em abril de 1920, dizia que a Seção Política Geral do Comissário do Povo de Vias de Comunicação era criada na qualidade de instituição 'temporária', e que 'no prazo mais curto possível' era necessário passar à normalização da situação. Em setembro, lia-se, 'passemos à situação normal'". Continuou: "em que consistiu o erro da Seção política Geral do Comissariado do Povo de Vias de Comunicações e do Comitê Central do Sindicato de transporte? (...) Seu erro foi não saber passar, em tempo e sem conflitos, segundo exigia o IX Congresso do PCR, para um trabalho sindical normal."

Lênin também viu com reservas a proposta de se utilizar, como método permanente, a indicação de dirigentes sindicais pelos órgãos superiores do Partido e do Estado soviético. Concluiu: "A organização dos sindicatos a partir de cima seria absolutamente ineficaz. Os métodos de uma democracia operária, severamente restringidos nos três anos da mais selvagem guerra civil, devem ser restabelecidos, em primeira instância e na mais ampla escala possível, no movimento sindical. É necessário aos órgãos dirigentes dos sindicatos serem, na realidade dos fatos, constituídos por eleições e sobre uma ampla base".

Do lado oposto às posições autoritárias de Trotsky surgiu, no interior do Partido Bolchevique, uma outra corrente denominada de Oposição Operária. Esta, por sua vez, negando o burocratismo e o autoritarismo, se aproximou perigosamente das teses anarquistas. A Oposição Operária defendeu que toda administração econômica da República Soviética fosse entregue aos sindicatos. Defendeu que "todas as nomeações para os postos administrativos da economia deveriam ser feitas com o consentimentos dos sindicatos (...) Todos os responsáveis deveriam ser nomeados pelos sindicatos e seriam apenas responsáveis perante eles e só pelos sindicatos poderiam ser destituídos".

O grupo propôs a expulsão do Partido de todos os militantes não operários que ingressaram após 1919. A condição para sua volta à organização bolchevique seria a obrigação de integrar a produção. Propôs ainda a eliminação de todos os elementos não operários dos postos administrativos do Estado e do Partido. Contra a Oposição Operária Lênin apresentou no X Congresso do PCRb o informe "Primeiro projeto de resolução sobre o desvio sindicalista e anarquista em nosso partido".

Lênin condenou o desvio sindicalista que pretendia pôr os sindicatos acima dos sovietes e do Partido Comunista. Afirmou ele: "O marxismo ensina-nos (...) que só o partido político da classe operária (...) está em condição de agrupar educar e organizar a vanguarda do proletariado e de toda massa trabalhadora, o único capaz de resistir às inevitáveis vacilações pequeno-burguesas desta massa, as inevitáveis tradições e recaídas na estreita visão gremial ou nos preconceitos gremiais entre o proletariado, e dirigir todo o conjunto das atividades de todo o proletariado (...) dirigi-lo politicamente e, através dele, dirigir todas as massas trabalhadoras". A posição da Oposição Operária, segundo Lênin, eliminava o papel dirigente que o Partido deveria ter em relação às demais organizações dos trabalhadores, inclusive os sindicatos.

Em 1922, em pleno processo de implantação da NEP, Lênin escreveu o texto "Sobre o papel e as tarefas dos sindicatos nas condições da nova política econômica", no qual reforçou ainda mais a importância dos sindicatos como defensores dos interesses econômicos e espirituais do proletariado.

A NEP, ao abrir certos espaços para expansão do mercado e de relações capitalistas, criou as condições para agudização da luta de classes entre o proletariado e a burguesia. Por isso mesmo "uma das tarefas mais importantes dos sindicatos" seria, "desde este momento, a defesa, em todos os aspectos e por todos os meios, dos interesses de classe do proletariado em sua luta contra o capital."

Mesmo nas empresas já socializadas recairia "incondicionalmente sobre os sindicatos a obrigação de defender os interesses dos trabalhadores, de contribuir, na medida do possível, para melhorar as condições de existência, corrigindo constantemente os erros e os exageros nos organismos econômicos, de vez que estes erros e exageros derivam-se da deformação burocrática do aparelho do Estado".

Para Lênin, durante o período de transição, ainda existiriam classes sociais com interesses conflitantes e por isso mesmo a luta de classe era inevitável. Enquanto as bases econômicas do socialismo não fossem completamente constituídas, com a eliminação completa da propriedade privada dos meios de produção, a luta econômica de classes persistiria e os sindicatos seriam instrumentos desta luta. Lênin inclusive defendeu a possibilidade de eclosão de movimentos grevistas.

A diferença entre a luta de classes do proletariado sob o socialismo e sob o capitalismo seria que o objetivo final desta luta sob o capitalismo era a derrubada do poder de Estado da burguesia e sob o socialismo o objetivo final deveria ser "fortalecer o Estado proletário e o poder do Estado proletário de classe, mediante a luta contra as deformações burocráticas neste Estado e (...) contra o apetite de classe dos capitalistas." Continuou Lênin: "a tarefa dos sindicatos consiste em contribuir para a solução mais rápida e menos penosa dos conflitos, com o máximo de vantagens para os grupos de operários que estes sindicatos representam, na medida em que as referidas vantagens podem ser aproveitadas sem prejuízo de outros grupos e sem dano para o desenvolvimento do Estado operário e sua economia".

Lênin negou a tese da Oposição Operária que defendia o controle das empresas pelos sindicatos. Mas, afirmou ele, "seria completamente errôneo interpretar esta verdade indiscutível no sentido de que se negue aos sindicatos o direito de participar na organização socialista da indústria e na direção da indústria do Estado". Para Lênin os sindicatos deveriam participar de todos os organismos do Estado, especialmente nos organismos de planificação e de elaboração dos planos econômicos. Ou seja, o que Lênin criticava era a interferência direta dos sindicatos nas funções de controle da produção das empresas particulares e arrendadas, pois os sindicatos deveriam intervir na regularização da produção através de "sua participação nos organismos estatais econômicos da República Soviética."

Por fim, Lênin constatou o caráter contraditório dos sindicatos sob a ditadura do proletariado. "De um lado, afirmou ele, seu principal método de ação é a persuasão; de outro, como participam no poder estatal, não podem negar-se a participar na coação. De um lado, sua principal tarefa é a defesa dos interesses das massas trabalhadoras (...) mas ao mesmo tempo renunciar à pressão sendo participante do poder estatal e construtor da economia nacional em seu conjunto. De um lado, devem trabalhar no estilo militar, uma vez que a ditadura do proletariado é a guerra de classe mais encarniçada (...) e de outro, precisamente aos sindicatos, menos que em qualquer outro organismo, são adequados os métodos especificamente militares. De um lado devem adaptar-se às massas, ao nível em que elas se encontram; e de outro, de nenhum modo, devem alimentar os preconceitos e o atraso das massas, mas elevá-las constantemente a um nível cada vez mais alto, etc. etc.".

As contribuições de Lênin na construção de uma teoria da transição, especialmente do papel dos sindicatos nesse processo, devem ser melhor estudadas. A incompreensão do papel dessas organizações conduziu à construção de um modelo de sindicato oposto ao pretendido por Lênin. Predominaram as teses de fusão sindicato/Estado, de militarização do trabalho, de proibição de greves e de que os sindicatos nada teriam a defender diante do Estado Socialista. Estas teses, como já alertara Lênin, desarmaram os operários e enfraqueceram o próprio Estado operário.

*Augusto César Buonicore é historiador, doutorando em Ciências Sociais pela Unicamp, membro do Comitê Estadual do PCdoB/SP, do Comitê Central do PCdoB e do Conselho de Redação da revista Debate Sindical.

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